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Alimentos mais caros fazem cair vendas nos supermercados em Goiás

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Alimentos mais caros fazem cair vendas nos supermercados em Goiás

Os goianos retomaram o consumo de vários produtos este ano, como roupas e calçados, mas estão comprando menos alimentos e bebidas. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE, mostra uma queda de quase 11% nas vendas dos supermercados e hipermercados nos cinco primeiros meses deste ano, provocada pela alta nos preços de vários alimentos, que reduziu o poder de compra, principalmente da população de menor renda. Ao mesmo tempo, houve uma volta ao consumo de vários outros artigos que tiveram as vendas muito afetadas pelas medidas de distanciamento social em 2020. 

No último mês de maio, as vendas do comércio varejista goiano registraram um recuo de 0,3%, a única retração entre os Estados pesquisados pelo IBGE. Na média nacional, houve um avanço de 1,4%.

O economista Edson Roberto Vieira, superintendente do IBGE em Goiás, lembra que o setor de supermercados e hipermercados tem um grande peso no cálculo do volume de vendas do comércio varejista. Mas, a queda de 10,9% nas vendas este ano foi bem mais acentuada em Goiás que na média nacional, onde o recuo chegou a 2,1%.

 

Inflação

Segundo Edson, este fraco desempenho do setor é reflexo direto da inflação acumulada em 8,9% nos últimos 12 meses. “Quando consideramos só alimentação e bebidas, o reajuste médio acumulado neste período é de 15,1% em Goiás e 12,5% no País”, destaca o superintendente. Ele lembra que essa inflação dos preços reduziu o poder de compra da população, que já sofre com uma queda real na renda. “O desemprego ainda está muito elevado e os reajustes salariais não conseguem acompanhar a alta nos preços dos produtos”, completa. Além da alta dos alimentos, reajustes nos preços dos combustíveis, gás de cozinha e de serviços como a energia elétrica fizeram com que estes gastos passassem a comprometer mais a renda das famílias.

O presidente da Associação Goiana de Supermercados (Agos), Gilberto Soares, confirma que o quantitativo de produtos vendidos nas lojas caiu este ano, após as altas nos preços de vários alimentos, mas o faturamento do setor foi mantido. Para ele, as pessoas hoje estão com menos dinheiro no bolso para comprar. “Um bom exemplo foram os reajustes nos preços do leite e da muçarela, que provocaram uma queda no consumo, obrigando o preço a recuar um pouco agora”, conta.

Gilberto reconhece que, sem reajustes salariais, o comprometimento da renda é cada vez maior. “Nossa esperança é que o dólar estabilize na baixa para ajudar a reduzir a pressão sobre os preços de vários produtos”, afirma. Ele se diz otimista com uma retomada da economia, pois a construção civil está em pleno aquecimento e já registra até falta de mão de obra. “A oferta de produtos já está grande. O problema hoje é a baixa demanda”, diz o supermercadista.

Recuperação

Uma atividade que teve o que comemorar no último mês de maio foi o varejo de tecidos, vestuário e calçados, cujas vendas cresceram 151,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Este ano, o segmento acumula uma alta de 35% nas vendas. O superintendente do IBGE lembra que este comércio varejista tem um crescimento exponencial este ano porque foi muito afetado pelas medidas de distanciamento social no primeiro semestre de 2020. “As lojas estavam fechadas e as pessoas também pararam de comprar estes artigos porque não iam a restaurantes ou festas e muitas estavam em home office. É um crescimento sobre uma base muito baixa”, explica.

O presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Estado de Goiás (Sinvest-GO), José Divino Arruda, confirma que houve um incremento da produção nos últimos 60 dias, impulsionado pelo aumento da demanda no comércio varejista. Ele lembra que esta forte retomada agora até trouxe dificuldades para os confeccionistas, que haviam demitido muita mão de obra no ano passado e hoje têm dificuldade para recontratar. “Se o varejo vende mais, a indústria produz mais”, ressalta.

O comércio varejista ampliado também registrou um bom desempenho este ano. Em maio, o comércio de veículos e motos no Estado foi 67,5% maior que em 2020, o quarto crescimento consecutivo do ano. O setor já acumula uma alta de 32,6% nas vendas de janeiro a maio.

Empregos

Para o Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas), o descompasso na oferta de trabalho em Goiânia em março, quando a capital teve mais demissões do que admissões, pode ter afetado os resultados do comércio em maio. “É um déficit na oferta de vagas de trabalho que limitou o poder de compra da população e contribuiu para a retração de 0,3% nas vendas. Goiânia é o maior mercado consumidor de Goiás e, por isso, a saúde econômica da capital reflete diretamente no desempenho do comércio varejista estadual”, diz a entidade.

Na avaliação da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Goiás (FCDL), os resultados apontam que o pior momento do varejo na pandemia ficou para trás. “Na comparação entre maio de 2021 e maio de 2020, as vendas do comércio varejista foram 10,7% maiores este ano.” Ao contrário de maio, cujo resultado foi negativo em 0,3% em relação a abril, as vendas do varejo em junho tendem a ser positivas na comparação com o mês anterior, com o funcionamento quase normal do comércio e o Dia dos Namorados, diz a FCDL.

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