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Goiás: Lojistas freiam contratações

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Goiás: Lojistas freiam contratações


Edna Mesquita, gerente de Recursos Humanos da Flávio’s Calçados: “Contratações estão 5% abaixo se comparado com o ano passado, mas estamos em cenário de contratação direta” (Foto: Lúcia Gobbi/Integrante do programa de estágio do GJC com a PUC Goiás)

 

As contratações de trabalhadores temporários para o Natal, que é tradicionalmente a data mais forte para o comércio, estão em ritmo lento no comércio goiano. É que há lojistas que aguardam o resultado da eleição presidencial para tomar decisões e, de outro lado, há aqueles que têm procurado repor, neste período, quadro que foi reduzido ao longo do ano por conta da crise econômica.

Diante desse cenário, há centro de compras em Goiânia com contratação até cinco vezes menor do que ocorria nos últimos finais de ano. A expectativa pouco otimista é confirmada pelo presidente do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas-GO), Eduardo Gomes, ao justificar que o sentimento ocorre pelas despesas.

Só que a queda, segundo ele, pode ser de menos de 0,5% na contratação de temporários este ano. “Há número até alto, que é de contratações diretas, sem ser de temporários”, pontua.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL Goiânia), Geovar Pereira, aposta que, com o fim das eleições, o clima possa mudar de vez e reforça que muitos lojistas têm olhado para dentro do negócio para aproveitar mão de obra já experiente sem precisar investir. “Apostam na hora extra, em períodos maiores, porque contratar hoje tem custo elevado e burocracia grande”, informa.

De outro lado, diz que nacionalmente há expectativa de aumentar o número de vagas, puxado por uma perspectiva de alta de 7,94% nas vendas em comparação com o Natal passado.

Pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que serão aproximadamente 59,2 mil vagas abertas nos segmentos do comércio e serviços. Em 2017, foram 51 mil novos postos. Sendo que 43% dos que vão contratar pretendem empregar temporários e 29% profissionais informais.

“Há um pouco de contratação com as novas regras trabalhistas, mas isso não está tão disseminado para o empresário, que precisa aprender a contratar e oferecer trabalho na nova dinâmica”, diz Marcela Kawauti, economista-chefe da CNDL.

Cautela

Na Flávio’s Calçados, a gerente de Recursos Humanos da rede, Edna Mesquita, explica que serão 70 vagas de trabalho e abertura de duas lojas. “As contratações estão 5% abaixo se comparado com o ano passado, mas estamos em um cenário de contratação direta. Mudamos o formato de lojas e fomos mais cautelosos para o final de ano”, afirma Edna.

A empresa costuma efetivar 70% daqueles que chegam para reforçar a equipe durante as vendas de fim de ano. “Nossa equipe está menor, vai dividir menos a loja e assim há probabilidade da folha ser melhor, fator motivador da equipe. E não usamos o trabalho intermitente, até porque o ritmo é muito intenso”, diz a gerente, reforçando que as contratações já começaram e vão até novembro.

Há treinamentos e a Black Friday será como um termômetro para perceber como estará o apetite do consumidor. “A Black Friday vai acontecer depois da eleição e é momento para o lojista ficar de olho, mesmo que a loja não seja forte nessa data, porque dá para entender como será. É um ensaio”, indica a economista Marcela Kawauti.

O presidente da Federação de Comércio de Goiás (Fecomércio Goiás), Marcelo Baiocchi completa que a criatividade, vitrines e novas formas de aproveitar as contratação são dicas importantes, já que a data é a melhor para o comércio.

Há espaços, como os shoppings, em que, com abertura de lojas e investimento em decorações e entretenimento, há maior concentração das oportunidades de trabalho para o período.

No Aparecida Shopping, por exemplo, que gera 2 mil empregos a expectativa é de incremento de 5% na contratação pelas lojas em cargos temporários. Por lá, espera-se aumento do fluxo de 40% comparado a 2017.

No Shopping Cerrado, que estima crescimento de 28%, está prevista a abertura de cerca de dez novas operações, 200 admissões temporárias para o período e outras 80 definitivas.

No Sindilojas-GO, ocorre treinamento para quem quer se candidatar a vagas no comércio a partir de hoje em sete turmas com expectativa de participação de 500 alunos. Posteriormente, os currículos ficam disponíveis para os lojistas.

Mas o que descola de qualquer pessimismo é a região da Rua 44 que tem previsão de alta de 5% nas contratações ante igual período de 2017. “A nossa região é diferente de outras por conta do foco em atacado e a nossa venda de final de ano começa em outubro”, pontua o presidente da Associação Empresarial AER44, Jairo Gomes.

Ele lembra que a venda ocorre para abastecer o estoque de lojas varejistas de várias partes do Brasil para o Natal e destaca que a contratação de temporários começa para as indústrias a partir de setembro e, na primeira quinzena de outubro, o comércio da região reforça a procura por mão de obra para dar conta do fluxo, pois a previsão é de aumento nas vendas de 8% a 12%.

“A expectativa que temos hoje com 12,8 mil lojas é de que o fim de ano gere 35 mil novos empregos”, diz ao ressaltar que o número se refere também ao impacto no Estado, porque há mais de 20 cidades como polo de produção que abastecem a 44.

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